terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Novo


O Boemio
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benvindo O Novo

Há um momento da vida em que nada mais espanta. Do mundo somos velhos conhecidos e passageiros cordiais, buscando descobrir um amor maior que o céu, integral e original.
Quando pequenos percebíamos os mistérios sagrados, mas crescemos e agora julgamos tola qualquer forma de carinho e afeto. Caímos e nos levantamos, seguidas vezes, e o joelho calejado não dói raspando de encontro ao chão. Fome, miséria, riqueza, um jogo de futebol, encontros e desencantos da juventude borbulham em um caldeirão que indiferente vejo como um filme colorido e bem produzido, embora superficial. Por que a falta de vontade de conhecer coisas novas? A incômoda sensação de que já não são mais possíveis grandes descobertas, se hoje uma criança sorriu e uma flor se abre, vestida de gala, no jardim? Tentamos deixar aprazíveis e ocupados os nossos dias, esforçados para manter certo padrão econômico; no final de semana é churrasco garantido, mas cadê as íntimas quimeras e anseios que nos iluminam, nos sonhos adolescentes? Estão abarrotadas e empoeiradas, esquecidas numa estante de algum canto obscuro da memória, cansadas de esperar.
Por favor, não deixemos que a escuridão apague a luminosidade. Façamos ouvir os belos sons de um pássaro interior. Nos instantes de provocação é que podemos nos conhecer. Este sentimento que se insinua, radiante, faz parte do que somos. Cuidar do corpo e do espírito – não basta a Vontade se não houver motivação. Os caminhos que encontramos, já trilhados, são pontos de apoio quando a noite é fria & temerosa. Talvez o espanto de tornar-se livre rompa todas as barreiras que nós mesmos já erigimos!
Chegar até aqui foi fácil. Prosseguir é que interessa.



EDUARDO WAACK









O Lixão Acabou;
Viva matão.
! Retirado do boêmio de 09 de Agosto de 2013, número 285 → a voz do povo é sábia e tem poder. Quando a população se une por um objetivo comum, rompe barreiras, supera adversidades e conquistas os seus objetivos. Assim foi com o movimento Popular pela retirada do Lixão do Residencial Maria Cândida, que teve início como uma simples reivindicação, de algumas pessoas desesperadas, e cresceu em motivos e intensidade, ganhando a simpatia de toda a população matonense, lutando até alcançar o seu objetivo. O lixão foi extinto pela Prefeitura Municipal, para em seu lugar, surgir uma nascente área de preservação ambiental. Muito ainda há para ser feito neste lugar, mas demos o primeiro passo mudando e transformando para melhor a ordem das coisas. Agradecemos a todas as pessoas que colaboram nesta luta. O prefeito de Matão, Chico Dumont, ouviu os anseios populares e tomou a decisão correta, pois o Lixão escuro era considerado uma vergonha para essa bonita cidade. Esperamos que esta batalha pela preservação ambiental e promoção humana tenha servido de exemplo para outras pessoas de outros bairros e cidades. Muitos nos viam como loucos ou sonhadores. Nestes dias de luta, fizemos amigos, discutimos direitos e deveres, pensamos em Matão e nos tornamos mais seguros. Como disse Raul Seixas, “Sonho que se sonha só, é um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade!”

por Eduardo Waack → Representando a Comissão dos Moradores do Residencial Maria Cândida.
N. do A.: Infelizmente, mesmo desativando este Lixão, muitas pessoas continuam desrespeitando as leis municipais.

Opinião
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Falta-Me Tempo

Reparei que, com o tempo, as pessoas tem tido menos tempo umas para as outras. Talvez o problema não seja apenas do ser Humano, mas desse mundo em que vivemos, que cada dia toma mais o nosso tempo, seja pagando contas, fazendo compras e trabalhando.
Antigamente, era mais comum as pessoas cultivarem uma reação mais estreita até com os seus vizinhos; hoje, mal conhecemos quem mora ao lado de nossa casa. Se fosse apenas isso, mas não para por aí...
A distância pode ser vista também dentro do nosso lar. Cada um tem uma rotina, não sobrando tempo ou disposição nem para sentarmos em volta de uma mesa para colocarmos o papo em dia. Passa-me a impressão de que as relações interpessoais tornaram-se mais frias, talvez não porque queiramos, mas porque nos falta tempo em nosso dia a dia para nos dedicarmos mais a essa questão.
Mas será que, se ao invés de vinte e quatro horas, o dia tivesse mais horas, usaríamos esse tempo para cultivarmos nosso relacionamento com o outro?
Acho que não, e ainda continuaríamos usando a típica frase:
_ Falta-Me Tempo.

Por Richely M. Tavares


TODA POESIA

TERCEIRA GERAÇÃO

Brasil, não conte comigo
Perdeu um aliado
Perdeu um amigo
Nasci.
Cresci.
Envelheci.
Levei até porradas
Meu neto viu,
E até agora de bom nada vi.

Selmo Vasconcelos – Porto Velho (RO)


O Boêmio, 23 Anos!

O Boêmio, jornal sério
nasceu em 1990
depois de inteligente
orgasmo intelectual.
Em suas colunas
fomos encontrando
ano trás ano a essência
das notícias, assim como
a literatura fecunda
e elemental
da cultura brasileira.
O Poeta Eduardo Waack,
escrevendo e editando,
foi vencendo os problemas
da economia,
das emoções pessoais,
as obrigações familiares
e até mesmo a virtualização
da imprensa toda!
Viva essa força, Edu amigo,
Seguindo caminhando
contigo, agora e sempre

Teresinka Pereira – Ohio (EUA)
CELLULA MATER

Mulher, como vieste a esse mundo?
Em um dourado berço de princesa,
Ou na enxerga nua e sem coberta?
Tua mãe ninou o ventre fecundo
Ou te mirou, sofrida na incerteza?
Mulher, vieste para desfrutar
o Mundo inacessível da riqueza
Ou a servidão sem fim da pobreza?

Não Importa; nasceste; segue o rumo

Mesmo sendo cruel e traiçoeiro
Sem ter a esperança
de um dia ameno...

Laborando tua faina por inteiro,
jamais olvidarás a meta honrosa:
TEU ÓVULO NA GESTAÇÃO DO MUNDO!
Para isto vieste, eis teu louro:
Trabalhar na lida dura, afanosa,
Sobreviver no Futuro Vindouro.

Maria Lúcia Silveira Rangel – São paulo (SP)



DRUMMONDIANA

Chega de gerúndio
eu não me chamo Raimundo
nem estou buscando solução
o que eu quero mesmo
é o fim da corrupção

Ilma Fontes Aracaju (SE)
INUTILIDADE

Quem fica parado a meditar
dificilmente acha o remédio;
morre de tédio.

Silvério Ribeiro da Costa – Chapecó (SC)


VELHOS AMIGOS, NOVAS HISTÓRIAS


Todos dizem que aqueles das antigas
só sabem & vivem daquelas nostalgias.
Mas só alguns poucos não dizem tais besteiras
E garantem que os conhecidos podem ser tanto quanto
Ou mais antenados dos que os que são de agora.

O mundo não é de hoje, mas aos de hoje,
parece que tudo é o agora, se quisessem saber
quantas histórias temos para contar,
o quanto podemos ensinar e aprender,
mas este é o problema da tecnologia
voltar-se inteiramente para o novo

E mesmo quando se voltam ao passado, criam outra coisa
Como agora, irão reinventar o relógio e os óculos. –
para que possamos ver e sentir como nunca antes fora vivido.

E nossos velhos amigos ficam esquecidos,
ou ao menos não tem tantas curtidas como esperávamos
Ao passo que o infame se alastra e o que envergonha
é posto ao público em alto e desregulado som
na luz do dia, tanto quanto ao percorrer das horas da madrugada.

E na modernidade da mais atual futilidade
desconsideramos o que sabemos que é valioso
que já provou toda sua majestade
E aplaudimos o que dubiamente propunha entreter
mas que veio a causar confusão, alarde e exploração.
Se não exploram valores hoje, não exploram mais nada.
A menina se despiu no twitter para ver quantos viam
e os pais não sabem mais a quem recorrer

Este advento da rapidez, da exposição, do vulgar
Não veio ao nosso pleno interesse
são antes às pessoas que querem e desejam estas coisas.

Todavia, eu prefiro meus velhos amigos poetas e suas novíssimas e fabulosas Arte.

Não que eu seja desconfiado dos novos
exceto quando eles querem que deles desconfiamos.

Edson Fernando – Matão (SP) [exclusivamente para essa edição d'O Boêmio_Online]

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