Edições_Antigas


O boêmio
Matão(SP), 23.I2.2005 - Ano I5215

Inauguramos nosso novo link "Edições_Antigas", com a edição do Natal de 2005, há quase sete anos atrás, agora em formato on line, com hyperlinks diretos à Wikipédia. Espero que gostem àqueles que não puderam ver a edição no papel, e espero que traga  boas lembranças àqueles que já tinham visto essa edição.


"Dizei, sinos da terra, em clamores supremos, toda a nossa tortura aos astros de onde vimos, toda a nossa esperança aos astros aonde iremos!"                                _Olavo Bilac 





QUERO SER CRITICADO

                 

             Quero receber as críticas pelos meus erros,mas também que sejam reconhecidos os meus acertos e correções.Quero ter a noção  do todo sem esquecer-me da parte, e que cada parte que compões este todo seja um universo inseparável de si mesmo, em latente tensão e atento repouso. Pois quem não deseja ser criticado não tem autoridade para elogiar. Que o erro e a correção são dois lados de uma mesma realidade: a tentativa. Formar e transformar: Informar. Quero receber as críticas e ordenadamente retomar o rumo perdido de originalidade, assim como se perde a beleza da paisagem, numa viagem de automóvel, em um vacilo do olhar. Não tenho medo do diálogo, embora ainda esteja aprendendo a realiza-lo. E se às vezes reajo com violência, espanto, alienação, antipatia ou impetuosidade, é porque ainda estou aprendendo a  conhecer-me. Cansei de falar sozinho, cansei-me de dizer palavras inúteis que eu mesmo não ouvia. Senhor de mim mesmo ou ouvinte distraído?

    Desesperado zombo desta alegre tristeza; o excesso de comida me entedia. Penso ser agente atuante mas sou folha seca levada pelo vento. Em vez de pedra antiga, seixo rolado na correnteza. A crítica é  exercício de crescimento, e como diz o Professor Tomio Kikuchi, somente quem sabe criticar é que pode louvar. Por isso existem que não criticam ninguém,nem mesmo seus melhores amigos, com medo de depois serem criticados. E na falsidade de um relacionamento apenas formal, aparente e estéril, perdemos a sincronicidade entre tempo e espaço, poluindo nosso meio ambiente interno e externo e aprisionando a liberdade de movimento. Somos mortos vivos cuja função prioritária é azeitar, aprimorar e alimentar a máquina faminta que move nosso sistema. E depois entregarmos-nos, como condenados à morte de Kafka, que libertado da coleira, após correr pelo campo, voltaria a ela todo final de tarde, na Colônia Penal. Quem é verdadeiro amigo, critica. Diz a verdade,aconselha. E mesmo que as opiniões se discordem, o simples fato de conversar(verbalizar) já reproduz em algo a ordem do universo, pois voz é valvulação, é vibração. É preciso descarregarmos-nos dos velhos preconceitos e buscar a superação do ser. Na diversidade, a unidade se faz.

    Como podemos aconselhar alguém se nem a nós mesmos conhecemos? Há o perigo de cair no absolutismo e acabarmos impondo a nossa visão de mundo, desfocalizando e influenciando aquele quem pretendemos ajudar. Observando o erros, pensamentos e atitudes adulteradas daqueles que convivem conosco, de nossos professores,líderes e especialistas, podemos enxergar nossos próprios erros e assim buscar uma correção conjunta. Em casa, o marido é o espelho da esposa, e esta a representação marido. Os filhos são a cópia fiel dos país; enquanto o varão leva esperança da família, o caçula é a parte oculta que fala. Se estamos confusos e bombardeados por toda espécie de subliminares agentes alienantes, como escapar das mesmas velhas artimanhas do poder?  Quem nunca sentiu dentro de si, em algum instante, vontade de mudar o mundo? Pois a crítica respeitosa pode ajudar a mudar a nossa cidade,o nosso país,o nosso universo pessoal. Crítica  respeitosa não é apenas dizer palavras bonitas e agradáveis, que não provoquem; a crítica respeitosa é uma crítica simpática,onde quem critica também é criticado. Se traímos a nós mesmos e aos nossos ideias mais caros,porque não trairíamos um simples colega de trabalho, o vizinho distante, o cônjuge desatento e arrependido? Por que ajudar, se podemos atrapalhar?

    Quero ser criticado pelas minhas críticas, por falar demais gerando e soltando ao mundo palavras vazias de significado. Palavras fecundas deixem a residência úmida cavernosa  de meu pulmão e ganhem ares do planeta vitalizando aquilo que estava estagnado, revolvendo a água parada das lagoas centenárias,onde o homem foi aos poucos depositando lixo, luxo e entulho, restos de um civilização caótica,   esqueletos carcomidos de mortos excomungados. Sou uma molécula de oxigênio naquele fiozinho d'água que pode romper a inércia movimentando a correnteza adormecida que desfaz o malfeito e purifica as margens, possibilitando o aparecimento da vida. Uma simples e complexa molécula naquele humilde córrego. Sozinhos e perdidos, quem somos nós?Unidos e encontrados, formamos um oceano. Oceano que corre dentro de nossas vias. Ambos salgados, mar e sangue. Traímos a confiança de nosso sangue alimentando-nos com comidas falsificadas e palavras doces...Enfraquecidos, somos traídos pela coragem, numa batalha cotidiana. Vaidade. Vergonha. Vertigem. Validade.Vitalidade. Estamos perdendo a validade atraídos por futilidades... Atraindo & traindo: atração é facilidade. Será por isso que a crítica é tão desatraente?

 Eduardo Waack

 


 

TODA A POESIA


Piracicaba 

 

 

aqui em Piracicaba

gal0s convocam o dia

passarinhos serenatam ouvidos

  sol rasga franjas de nuvens vitralizando manhãs

carrinhos pour-elisan gás nos portões

alto-falantes pamonheiam  milho empalhado!

 

...tardes finaizinhas

antes que luz sol recolha

chuva corre precipitar-se

pendurando arco-íris

em céu de dezembro!

 

...noites abraçam rio

que visita a cidade

dando cambalhotas no salto

adormecendo suas águas-Pénsil

em terno acalanto

sonhando "reesperançar de amanhã" 

 

dizem:

- essa terra não existe...

- só diante de tuas janelas...

digo:

- troquem o olhar e olhares e verás muito mais.

 

                                                       DOUGLAS SIMÕES- Piracicaba/SP

 

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A Simbiose do Momento


Um véu tênue, branco, esfumaçado,

encobre, de leve, o vidro da folhagem;

cá, num cantinho sossegado,

espero,paciente, a estiagem...


Penso no distante, que está perto

na alma, sentimento e coração;

pois ao homem,o que é incerto,

desperta o desejo e a paixão.


Sei,plenamente, tratar-se de um sonho,

mas não censuro, deveras,meu pensar;

sonhando , certamente eu suponho


que o real um dia há de chegar  -

não sei se da forma que eu proponho

ou como a vida assim o desejar.

IRACEMA MENDES RÉGIS - Mauá/SP

  


Considerações empistolais:
O Boêmio, sempre, como um incentivador de envio de correspondência e de conteúdos para publicação, não deveria ser diferente também, aqui,na versão on line.
Gostaria que aqui fosse da mesma forma,assim, por favor, se quiserem utilizem os canais abaixo para se comunicar conosco e sintam-se a vontade em termos literata, afinal,estamos todos interligados.

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